Vítima de incêndio em clínica ilegal no DF morre em hospital, diz avó; número de mortos chega a seis
DF: 5 pessoas morrem em incêndio em clínica irregular de recuperação de dependentes Subiu para seis o número de mortos como consequência do incêndio em u...

DF: 5 pessoas morrem em incêndio em clínica irregular de recuperação de dependentes Subiu para seis o número de mortos como consequência do incêndio em uma unidade do Instituto Terapêutico Liberte-se, no Distrito Federal. A clínica de recuperação de dependentes químicos em situação irregular pegou fogo em 31 de agosto. ✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 DF no WhatsApp. Luís Gustavo Ferrugem Komka, de 21 anos, estava internado desde o dia em que a clínica pegou fogo – e, nesta segunda-feira (22), sofreu uma parada cardíaca. A informação foi confirmada pela avó da vítima. Segundo ela, Luís Gustavo chegou ao hospital com problemas no pulmão devido à inalação de fumaça e com os rins comprometidos. Ele precisou de hemodiálise, mas não resistiu. O g1 pediu mais informações à Secretaria de Saúde do DF, mas a pasta afirmou que não poderia confirmar a morte por questões de privacidade. Luís Gustavo Ferrugem Konka, de 21 anos, estava internado e sofreu uma parada cardíaca Reprodução A tragédia no dia 31 de agosto deixou seis mortos e 10 feridos. Veja quem eram os mortos: Darly Fernandes de Carvalho, de 26 anos; morava em Formosa (GO). José Augusto Rosa Neres, de 39 anos; morava no Paranoá (DF). Lindemberg Nunes Pinho, de 44 anos; morava em Planaltina de Goiás. Daniel Antunes Miranda, de 28 anos; morava em Planaltina de Goiás. João Pedro Costa dos Santos Morais, de 26 anos; morava no Itapoã (DF). Luís Gustavo Ferrugem Komka, de 21 anos; morava no Guará (DF). O incêndio em uma unidade do Instituto Terapêutico Liberte-se, no Núcleo Rural Colombo Cerqueira, Chácara 420, no Paranoá, abriu uma série de investigações sobre a atuação das clínicas da instituição no Distrito Federal. Segundo a Polícia Civil, o alojamento que pegou fogo estava trancado com cadeado. Havia três extintores – vazios e do lado de fora. Cerca de 20 internos estavam dentro da sede no momento do incêndio, enquanto outros 26 ocupavam dormitórios externos. A clínica tinha como diretor e proprietário Douglas Costa de Oliveira Ramos. Três unidades interditadas O Instituto Liberte-se possui três clínicas: Paranoá (Chácara 420): unidade que pegou fogo e estava sem licença e sem laudos do Corpo de Bombeiros. Paranoá (Chácara 470): interditada após fiscalização, operava com licença da Vigilância Sanitária vencida; mantinha 63 internos. Lago Oeste (Sobradinho II): funcionava sem alvará e já tinha ordem de interdição desde 2024, mas ainda assim seguia recebendo pacientes. A Defesa Civil realizou uma vistoria técnica na clínica após o incêndio e constatou: graves danos estruturais com risco de colapso do telhado; fissuras e trincas nas paredes; madeiramento danificado pelo fogo; janelas sem vidros e grades parcialmente arrancadas. A Defesa Civil apontou risco de colapso estrutural na chácara 420 e determinou interdição total. Incêndio em casa de recuperação de dependentes químicos no Paranoá. CBMDF/Divulgação Irregularidades e informações desencontradas O caso expôs falhas de fiscalização. Inicialmente, o DF Legal afirmou que a unidade incendiada estava regular, mas depois reconheceu que houve confusão entre os endereços das chácaras 420 e 470, que ficam separados por 500 metros de distância. "A validade da licença para funcionamento da clínica na chácara 470 venceu no mês passado. Dessa forma, a chácara 470 está irregular no momento, mas as licenças não estavam vencidas no ano passado, quando foi feita a fiscalização. O funcionamento na chácara 420 também não está previsto no licenciamento existente para o CNPJ da empresa localizada na 470. Dessa forma um funcionamento na 420 também seria irregular”, afirmou o DF Legal. A reportagem do g1 também teve acesso ao parecer de viabilidade da clínica situada no Lago Oeste, com vistorias de vários órgãos. Apesar das graves denúncias, a única irregularidade apontada no documento é a ausência de licenciamento para a produção de ovos no local, o que motivou a pedido de interdição. Além disso, órgãos do GDF admitiram não ter realizado fiscalizações nas semanas entre o incêndio e a prisão de três responsáveis pela unidade do Lago Oeste. O g1 questionou as secretarias de Saúde, de Justiça e de Comunicação Social do governo distrital sobre a falta de fiscalização no local nas últimas semanas. Em notas: a Secretaria de Saúde disse que não acionou a Vigilância Sanitária porque "denúncias referentes a maus-tratos, cárcere privado e exercício ilegal são encaminhados para outros órgãos competentes"; a Secretaria de Justiça disse que montou um grupo de trabalho para fiscalizar as unidades "com vistas à interdição-fechamento da instituição" e desenvolveu um plano de ação multidisciplinar para acolher "pessoas em situação de uso excessivo de drogas". Prisões e denúncias Na terça (16), a Polícia Civil do Distrito Federal prendeu três pessoas ligadas à clínica do Lago Oeste. Segundo investigações, há indícios de: cárcere privado; agressões físicas; restrição de contato dos internos com familiares; administração irregular de medicamentos. No dia seguinte, os suspeitos foram soltos em audiência de custódia. De acordo com a decisão, André Luiz Medeiros da Silva, Normando Torres de Almeida Junior e Vanessa Aparecida de Castro Medeiros devem cumprir as seguintes medidas: não poderão deixar o DF por 30 dias sem a autorização da Justiça; não poderão frequentar a clínica ou ter qualquer contato com funcionários do local; não podem exercer qualquer atividade terapêutica em estabelecimentos similares e terão que usar tornozeleira eletrônica por 90 dias. A 35ª Delegacia de Polícia (Sobradinho II) investiga o funcionamento dessa unidade. PCDF faz operação em unidade do Instituto Liberte-se que pegou fogo no Paranoá Divulgação/PCDF Já na quinta-feira (18), a PCDF prendeu mais quatro pessoas que trabalhavam na clínica que pegou fogo no fim de agosto. Foram presos: um casal de donos das clínicas; dois ex-internos que, segundo as investigações, atuavam como coordenador e monitor dos espaços. Também foram apreendidos remédios, anabolizantes, armas falsas, computadores portáteis e celulares. Os quatro presos devem ser indiciados pela Polícia Civil pelos crimes de: homicídio doloso qualificado cárcere privado prescrição de medicamento sem receituário médico. A 6ª Delegacia de Polícia (Paranoá) investiga a atuação das duas unidades que funcionavam na região. Encerramento das atividades A Justiça determinou o fechamento imediato de todas as unidades do Instituto Liberte-se na quarta (17). O DF Legal também multou a direção em R$ 10,8 mil. O valor leva em conta parâmetros definidos em lei – mas, se comparado ao tempo de descumprimento, equivale a menos de R$ 680 por mês de infração. Na quarta-feira (17), o MPDFT anunciou a abertura de procedimento para apurar denúncias contra o instituto. A investigação teve início após denúncia da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos, que relatava maus-tratos, internações involuntárias, condições insalubres e possível trabalho forçado. O MP solicitou informações à Polícia Civil, à Secretaria de Justiça e ao Conselho de Política sobre Drogas do DF. Os órgãos têm 10 dias para responder. O que falta saber? Qual foi a causa exata do incêndio que matou cinco pessoas e feriu outras 11 na unidade do Paranoá. Se o diretor e proprietário do instituto, Douglas Costa de Oliveira Ramos, e outros responsáveis serão denunciados criminalmente. O destino dos ex-internos das três unidades interditadas e quais medidas de acompanhamento em saúde estão sendo adotadas. Como o GDF vai explicar a falha de fiscalização na clínica do Lago Oeste, que tinha ordem de interdição desde 2024. Quais providências o MPDFT vai tomar após reunir informações sobre denúncias de maus-tratos, cárcere privado e trabalho forçado. LEIA TAMBÉM: VÍDEO: mulher em situação de rua é agredida por vigilante na UnB IGES: Portas quebradas, pneus carecas e fumaça: funcionários denunciam condições precárias de ambulâncias no DF Leia mais notícias sobre a região no g1 DF.